27.08 Acordei depois das 9h. Tempo para tomar café tranqüilo, responder alguns emails e não preparar nada especial. O tempo ainda chuvoso e a sugestão de Willeim pareceu razoável. Pegar o trem, passar o dia na cidade e tomar estrada no dia seguinte. Assim fiz. Carreguei minha mochila com meu moleskine, câmera fotográfica, guarda-chuva, canetinhas e uma calça totalmente descosturada na primeira pedalada em Amsterdam. Era a calça “boa” de viagem. Missão: achar um lugar para recuperar o estrago e costurá-la. Assim que achei a loja onde vendiam máquinas de costura senti que estava quente. Perguntei onde poderia costurar minha calça. O lugar ficava a poucos metros dessa loja e o dono era do Suriname, antiga colônia holandesa. Ao saber que eu era brasileiro ele me mostrou uma foto dele com Rivaldo. Corinthians? Camaradamente, antecipou a entrega do serviço para algumas horas depois. E me indicou onde comer bem e barato na cidade. Onde? Num chinês, claro. Depois vim a saber que era o melhor chinês de Utrecht. Se alguém um dia vier para Utrecht ou quiser sugerir esse lugar anote: Paradise.
Caminhei bastante pela cidade depois de almoçar, escolhi um café para sentar e desenhar um pouco. Mal me sentei um alegre casal se aproximou para compartilhar uma mesa num terraço.Hello hello. I’m Jose. I’m Ben. I’m Dineke. We live in Westervort, close to Arhnem. Eles contaram que vinham de um casamento em Utrecht e contei que estava tentando começar minha jornada com destino à Munique. Como chovia muito, o meu primeiro trecho foi de trem. Falei do encontro mágico com Willeim e eles falaram um pouco deles. Um casal da minha idade ou perto, alegre e comunicativo e conversamos uns 40 minutos de tudo um pouco. Assim que eles se foram eu comecei a desenhar o que via. Um canal, bicicletas estacionadas, gente pedalando pela rua, flores nos postes, prédios antigos...
Vista da cafeteria onde encontrei o casal Wessels.
Antes de voltar para casa um surpresa na caixa de correio. Um convite de Ben para participar de um jantar que prepararia no dia seguinte para alguns familiares. Me aguardariam às 18h.. A surpresa ainda maior. Que seria bem vindo para dormir no quarto do filho deles (o que estuda na Bélgica) e seguir viagem no dia seguinte, depois de um bom café da manhã. Dormi feliz com esse email no fim do dia.
Voltei para “casa” por volta de 22h a tempo de encontrar Willeim acordado. Abrimos os mapas para ver o roteiro da viagem até Arhnem. Vimos a previsão do tempo, tomamos um bom scotch e ofereci um dos charutos cubanos que trouxe para curtir em momentos especiais. Celebrei silenciosamente meus momentos em Utrecht e o encontro com holandeses absolutamente generosos.
Willeim no ponto onde ele me deixou para seguir viagem. Anjo do asfalto.
28.08 Era Sábado e Willeim acordou cedo sem precisar. Depois de preparar nosso breve desjejum contei com a companhia dele até a saída de Utrecht para Arhnem. Nos despedimos e coloquei, finalmente, minha bike na estrada. Foram cerca de 85k até chegar a casa de Ben e Dineke. No caminho teve um pouco de tudo. Chuva, vento contra, muita vaquinha, passeata de caminhões celebrando alguma coisa nacional como The Truck Day, muitas paradas para abrir mapas e checar caminhos e também tempo para filmar um pouco da paisagem que me acompanhou praticamente por todo o dia.
Cheguei para uma bela festa familiar, comida preparada por Ben e lembrei do almoço tradicional na casa dos meus pais sempre aos sábados. Mas esse que encontrei era algo raro. Feito uma ou duas vezes por ano. Um almoço de confraternização fora de hora e a razão oculta era a lembrança de mãe de Ben que faleceu há dois anos. Foi um tipo de homenagem e pretexto para reunir familiares. E eu lá. Um brasileiro recém encontrado em Utrecht e cansado da primeira etapa de pedal. Que alegria e que privilégio encontrar a família Wessels. Depois jogamos ping-pong. A noite havia a possibilidade de assistir a um show de estatuas vivas na cidade. Mas optamos por bater papo na lareira tomando um vinho. Algo melhor?
Eu, Dineke e Ben.
29.08 Logo cedo Ben checou a previsão do tempo e o céu aberto estava previsto para depois das 11h. Tomamos café e ofereceram uma carona até Emmerich a primeira cidade alemã no caminho de Xanten. Deneke alertou que era prudente levar algum lanche na mochila pois no domingo não encontraria lugares abertos no caminho. E me preparou sanduiches par viagem. Já no carro, a caminho da Alemanha, foi curioso perceber a mudança na arquitetura nas casas logo nas primeiras construções em solo alemão. Casas sólidas, maciças. Em Emmerich rabisquei a ponte que me levaria para a estrada. Enquanto tomávamos café e uma torda de maçã, o tempo mudou e chegou uma nova chuva. Dessa vez fina e com muito vento. As chuvas por aqui tem sido breves e freqüentes durante o dia. Talvez chova 10 vezes por dia, mas duram 15 minutos. Senti isso novamente logo que tomei a estrada para Xanten depois de me despedir de Ben e Dineke. E viajei lembrando das palavras que eles me disseram ao me desejar boa viagem: as pessoas que você tem encontrado são espelhos de quem você é...
Checando a meteorologia para o dia.
o lindo jardim da casa dos Wessels
Aproveito aqui para lembrar um conto que ouvi do prof. Basílio da Palas Athena.
Um viajante chega a um vilarejo e conversa com alguém local:
- Como são as pessoas daqui?
- Antes de responder gostaria de saber uma coisa. Como são as pessoas da cidade de onde você vêm?
- Ah, de onde eu venho as pessoas egoístas, intolerantes e rudes.
E o homem da cidade responde:
- Aqui você encontrará o mesmo tipo de pessoas.
Passados alguns dias, um outro viajante chega ao mesmo vilarejo e também curioso pergunta:
- Como são as pessoas daqui?
E ele responde igualmente ao viajante.
- Antes eu gostaria de saber uma coisa. Como são as pessoas da cidade de onde você vêm?
- Ah, de onde eu venho as pessoas são amáveis, gentis e solidárias.
E o homem da cidade responde:
- Aqui você encontrará o mesmo tipo de pessoas.
Em duas horas cheguei a Xanten. Era domingo e havia uma feira de artesanato, comida e música na cidade. Depois de me acomodar no Gästehouse, um tipo de hotelzinho popular volteir à feira para comer algo por lá. Escolhi a barraca do Lyons Club onde três diretores de alguma empresa da região faziam a comida. Lecker! Era o dia e lugar perfeito para parar em alguma mesinha e desenhar algo. De noite vagueei pela cidade para achar algum lugar acessar a internet. Nada. Foi no saguão de um hotel onde me permitiram acessar um computador para checar emails. E lá estava a mensagem de Kurial, um ciclista que conheci via Couch Surf e na sua mensagem ele confirmava: - Aguardo por você às 11h30, em frente a Rathaus, em Rheinberg.
Que máximo Pai.
ResponderExcluirQue bom que a chuva não está dificultando tanto seu percurso e que bom que tem atraído pessoas tão boas para você. Espero que continue tudo fluindo bem, continue nos escrevendo. Boa sorte.
Beijos, Daniel.
delaatste avond in Amsterdam.\morgen ben je weer thuis.]
ResponderExcluirhet was een mooie onymoeting waaraan we veelplzier beleefden. \twee werelddelen sie elkaar kondsen vinden en elkaar respecteerden.
\een heelgoed leven verder en we hopen je te ontmoeten in \brazilie. x ben en dineke