Chegando em Munique liguei para Bertram para confirmar nosso encontro no Castelo de Blutenburg. Cheguei um pouco mais cedo e fiz o primeiro rabisco na cidade. Gostei.
Logo o primeiro de muitos abraços entre parceiros de uma mesma visão. Aikido como uma arte de paz. Pedalamos até seu apartamento e lá ele me ofereceu o seu quarto para ser o meu quarto durante os dias em Munique. Meus argumentos não foram suficientes para ele mudar de idéia e me acomodaria em qualquer outro canto da casa. Estava então instalado no quarto de Bertram Wohak, um dos idealizadores da International Aiki Peace Week que começaria nesta mesma semana. Estava inseguro com nosso encontro pois meu projeto era ficar até sexta feira com ele. Há uma estória conhecida que diz que hóspede é como peixe. Um dia, dois dias tudo bem. A partir do terceiro dia começa a cheirar mal. Em Berlin fiquei quatro dias com uma grande amiga. Mas como seria ficar quatro dias com uma pessoa que mal conhecia? Desde os primeiros minutos sentimos uma forte empatia e os dias que vivemos juntos ficarão guardados para sempre comigo.
Foi Paul Linden que vive nos EUA que me sugeriu contactar Bertram tão logo soube da minha idéia de viajar pela Europa para fazer uma jornada reunindo Aikido, bicicleta e desenhos. Na primeira conversa que tivemos meses atrás pelo Skype ouvi ele dizer: - José, seja bem –vindo em Munique parar encerrar sua aiki-biking trip e passar alguns dias como meu convidado. Eu levei muito a sério o seu convite e minha viagem começou a ser desenhada a partir do local e data de chegada: Munique, 20 de setembro de 2010. Tudo se desenhou a partir desta conversa. E por aqui soube que Paul e Bertram foram os mentores da International Aiki Peace Week. Um evento que atraiu a participação de 350 dojos entre 43 paises, movidos pela idéia de dedicar um ou mais dias durante essa semana para promover o Aikido como poderoso aliado na construção de uma cultura de paz.
International Aiki Peace Week in Munique
Começavamos nossos dias com frutas, iogurte, queijos, frios, chá e as primeiras conversas sobre tudo. E a cada conversa crescia a certeza de ter encontrado um amigo, um irmão e um parceiro. Ouvi suas histórias, contei algumas da minha viagem e da minha vida no Brasil, pedalamos juntos, passeamos pelo centro de Munique, tomamos weissbier, dividimos duas classes de aikido com seu grupo, conheci sua parceira Marion, seus alunos, etc. Escrevemos uma mensagem para Bill Leicht que foi o primeiro a falar em uma rede de Peace Dojos pelo mundo, dividimos uma torta de maça, demos muita risada, tivemos insights que cabem em pequenas frases como “ to be lost and wet sometimes is good” ou “Life happens in between”. No nosso último dia um bate papo via skype com Daia em São Paulo e depois com Paul Linden nos EUA.
Uma viagem que começou na Holanda sob tempo chuvoso começava a chegar ao fim em clima de sol e festa na região da Bavária. Minha idéia original de voar até Amsterdam no sábado para embarcar no domingo sofreu uma mudança. Comprei uma passagem de trem, um leito numa cabine para seis pessoas e teria uma tarde inteira em Amsterdam antes da minha volta. Animado, enviei uma mensagem para Ben e Dineke que conheci em Utrecht e me acompanharam até entrar na Alemanha por Emmerich onde comecei minha pedalada em solo alemão. A resposta para o convite que fiz para encontrá-los foi animadora e ao mesmo tempo frustrante. Adorariam um reencontro no final da viagem para saber de toda a jornada mas estariam ocupadíssimos no sábado e à noite já tinha comprado ingressos para um concerto... Mas algo aconteceu entre nossas trocas de email. Ben fez uma proposta matadora. Dariam seus ingressos para algum casal de amigos, ele viria de Rotterdam, Dineke de Arnhem e propuseram um encontro às 18h na Estação Central de Amsterdam.
Bertran acompanhou de perto a magia deste fechamento da viagem e fomos juntos fazer uma cópia do desenho que fiz em frente à cafeteria onde nos encontramos. Todo o processo de criar um presente para dar para Ben & Dineke foi tocante. Até mesmo a moça da loja de molduras, que a princípio pedira uma semana para fazer a montagem, sentindo que era uma lembrança especial se desdobrou para entregar o desenho emoldurado na sexta, em tempo de levar para Amsterdam durante nosso encontro. O mesmo desenho na mesma moldura foi o presente que trouxe para casa pois desde o início Daia me disse: - Esse desenho merece um quadrinho!
Durante esta semana Daia fez uma pequena cirurgia e estávamos de algum jeito conectados. Na igreja de Saint Peter fizemos uma pausa em nosso passeio pelo centro de Munique no momento que ela estaria sendo operada. Tudo deu certo mas cirurgia é cirurgia. O corpo é desligado por um tempo e tudo fica nas mãos do médicos.
O último dia em Munique foi dia de Ocktoberfest, a maior festa popular do mundo. Bertram e Marion me apresentaram festa cheia de tradições da Bavária, este ano está sendo comemorado o bicentenário dessa festa que dura duas semanas e é cheia de atrações ao ar livre e nas tendas das cervejarias. Lá comemos, bebemos alguns litros de chopp, conheci as pulgas adestradas e gente especial como Hago, dividindo uma mesa para almoçar chucrute com salsichas da região.
Zé willkommen! Os textos já são incríveis, mas ouvir estas histórias de você devem ser ainda mais!!! Precisamos marcar um encontro!
ResponderExcluirParabéns pela jornada!
Abraços,
Evelyn
Fala dinda!
ResponderExcluirVocê viu só no que deu aquele almocinho com vocês para ouvir da ciclo-viagem que fizeram pela Alemanha??
Bora marcar esse encontro sim, mas dessa vez vai ser aqui em casa, ok?
Bjs e abraços do afilhado