24.08 Amsterdam. A chegada foi tranquila e logo estava no Stayokay, um hostel indicado pelo Vedana. Assim que montei a bicicleta saí para dar uma volta na cidade. Qualquer coisa que se fale sobre bicicleta na Holanda é pouco para descrever o que acontece. É só imaginar um lugar onde todos pedalam, jovens, executivos, senhoras, indo para uma reunião, passeando com cachorro, indo fazer compras, encontrando amigos, gente de terno, de saia, de guarda-chuva, todos circulam de bicicleta e o carro aqui é um coadjuvante no transito pela cidade. De tardezinha fiz o primeiro rabisco num pedaço improvisado de papel enquanto tomava café à beira de um dos vários canais e mandei para a Daia pelo celular. Ela havia me pedido um sumi-e antes de viajar e fiquei devendo. Logo ela publicou a imagem no facebook onde surgiram mensagens deliciosas de amigos de todos os cantos. Terminei o dia jantando num pequeno restaurante thailandes em China Town onde a comida é boa e barata.
25.08 Amsterdam. Dediquei o dia para preparar tudo necessário para começar a jornada, digo, alforjes, capa de chuva, revisão da bicicleta, mapas para localizar as ciclo-rotas e um novo capacete. Com tudo pronto fui passear pelo Voldenpark, onde almocei e fiz o primeiro desenho no moleskine que ganhei do Shima. Visitei o Museu Van Gogh para ver as obras do mestre e como não é permitito fotografar lá dentro, saquei meu bloquinho para fazer meus registros de algumas de suas fantásticas obras. O tempo fechou de noite e choveu a madrugada inteira.
26.08 Utrecht. Como chovia, peguei um trem para Utrecht. A escolha foi baseada num só motivo: não quero pegar uma gripe na primeira semana. Dá para pedalar sob chuva sem problema mas não quis começar debaixo de chuva. A previsão para o fim de semana é de tempo aberto e vai ter muito chão pela frente. Logo que sai da estação de Utrecth, pedalava em busca de um hostel quando parei para me localizar no mapa e esperar a chuva aliviar um pouco. Um cidadão sob o mesmo toldo de um restaurante grego me convidou para sentar um pouco e tomar algo quente. Uma sopa. Esquentou o corpo e a alma. Conversamos um pouco e ele achou tudo muito curioso. Um brasileiro ensopado (sem trocadilhos), a caminho de Munique numa viagem permeada por desenhos e aikido. Já eram umas quatro da tarde e ele decidiu ser o meu anfitrião em Utrecht. Ofereceu o quarto de seu filho em seu apartamento no suburbio da cidade pois ele vive nos EUA onde estuda música. Deixei a bicicleta em seu escritório e caminhamos pela cidade. Conheci seus lugares favoritos na cidade, digo, onde comer, onde parar para tomar um drink ou um café. Jantamos num restaurante etíope e logo seguimos de bike para sua casa. Banho quente, cerveja gelada, bom charuto, num lugar silencioso, amplo e acolhedor. Milagres acontecem.
27.08 Utrecht . O tempo amanheceu com uma chuva fina. Willeim, o anfitrião, já havia saido cedo para uma audiência no tribunal. Ele é advogado e defende causas de muitos imigrantes na Holanda. Segui para cidade de trem, uma estação apenas, e dediquei o dia a passear pela cidade. Momento de vaguear, procurar lugar bom e barato para comer e isto é sinonimo de comida chinesa. De tarde uma pausa para um café e novo rabiscar sem pressa. Um casal se aproximou para partilhar uma mesa e novas conversas maravilhosas. Assim que eles se despediram eu fiz esse desenho. Até breve!